[Crónica] Trilhos do Ceireiro - "O Regresso"
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[Crónica] Trilhos do Ceireiro - "O Regresso"
Ao fim de alguns meses de ausência dos trilhos, o feriado de 8 de Dezembro foi a data do meu regresso. Logo de manhãzinha fui à garagem buscar a minha "menina" e esta, mal me viu, rejubilou de alegria pois, finalmente, saía do cativeiro. A consciência de um empenado levou-me a pensar que não poderia fazer muitos kms, por isso, meti-a no carro para o caso de termos que ser resgatados.
Parei junto à Sapateira, um pequeno mas lindíssimo lugar onde já passámos algumas vezes em Passeios e Maratonas. A "menina" saltou da mala do carro como um cão salta do atrelado no 1º dia de caça.
Após alguma hesitação resolvi aventurar-me no desconhecido.
Passado cerca de 2kms, o trilho que seguia levou-me a estas casas, por isso, tive que voltar para trás mas não sem fazer um registo da minha passagem por este local.
Voltei atrás até ao último cruzamento e segui pelo caminho que me deu na real gana. E fiz muito bem porque para meu espanto encontrei mais uma ponte fantástica na ribeira da Teja.
Lá tive que parar para poder explorar o local. Para além da ponte há também alguns moinhos e outras construções em ruínas no local. A tentativa de realizar uma boa fotografia levou-me a tirar a temperatura da água.
Esta zona merece uma visita com mais tempo mas não resisti a colocar mais uma foto da ponte.
Parti muito mais animado, e mesmo a subir, desta vez ia de cabeça levantada para poder observar tudo. O caminho tinha que ir dar a algum sítio, caso contrário voltava para trás. Assim, já não dava como perdido o tempo despendido.
Lá fui subindo até encontrar este caminho murado que parecia que me sugava com a intenção de me levar a algum sítio. Só consegui parar quando a subida se tornou mais íngreme e por causa das pedras serem escorregadias.
Tinha chegado a uma pequena povoação, encostei a "menina" e toca a disparar em todos os sentidos. Onde estava?
Subi mais acima e encontrei a resposta à minha pergunta. Atenção não se confundam (não sei como ainda ninguém se lembrou de fazer alguma patifaria como acontece em muitas placas por este país fora). De repente, lembrei-me de um amigo, que há alguns anos atrás tinha “arranjado” aqui uma namorada. Agora compreendo a dificuldade do rapaz para desencantar a namorada neste sítio isolado.
É um local sossegado com uma vista espectacular onde ocorre a transição da paisagem entre a Beira e o Douro.
Aqui não foi difícil escolher para onde seguir, como sofro de uma certa alergia ao asfalto, resolvi seguir por aqui.
Só então me apercebi que já não mora ninguém na Canada. Parece uma aldeia fantasma onde as pessoas abandonaram as casas deixando tudo para trás.
Cheia de fome de trilhos a minha "menina" já estava cheia de ciúmes e parecia querer dizer-me: “ afinal vieste para andar ou tirar fotografias?”
Ao afastar-me ainda tive tempo para tirar mais uma foto. É mais um exemplo como o interior de Portugal está a ficar desertificado.
Com uma bonita paisagem como pano de fundo nem parecia que estava a subir.
Havia mais intensidade no olhar que no pedalar, por isso a sensação de que não estava a subir. Ao olhar em frente estava a chegar ao topo desta montanha e a curiosidade de saber o que estava do outro lado aumentava.
Ao chegar ao topo consegui identificar a aldeia de Ranhados o que fez com que ficasse mais à vontade. Encontrei uma pequena estrada por isso resolvi meter-me logo na primeira cortada que encontrei. Fui sempre a descer pelo meio de uma vinha (a esperança que tivesse saída era muita) mas já lá no fundo vi que o caminho não tinha seguimento. Como voltar para trás estava fora de questão, lá fui andando pelo meio dos terrenos (descer e subir muros, passar arames, pelo meio de culturas). Já não me metia numa destas desde os primeiros tempos de BTT, há alguns anos atrás. Esta situação fez-me recordar aqueles passeios aos Domingos de manhã em que três "maçaricos" aventureiros se metiam sempre em apuros por não conhecerem a região mas terem o espírito aberto à descoberta.
Ao fim de algumas peripécias lá encontrei este caminho e resolvi segui-lo pois já não estava com vontade de inventar, pelo menos naquele momento.
Percorridos alguns kms, para meu espanto, encontrei um nabal florido bem fora de época.
Passei nas imediações de Ranhados e perguntei a umas pessoas se havia algum caminho que fosse dar à Barragem sem ser pelo alcatrão. Disseram-me que sim mas era um caminho muito mau que não dava para se passar bem (maravilha pensei eu). Despedi-me e segui as instruções dadas. Ao fim de algumas centenas de metros avistei algo já bem conhecido. Do outro lado estava a descida com regos até à Barragem onde passámos na última Maratona.
Estes cogumelos não são comestíveis mas são atractivos.
Na minha previsão ainda ia passar lá em baixo, tendo pela frente uns entusiasmantes kms.
De facto, foi uma descida cheia de adrenalina até ao fundo onde pude encontrar o bem conhecido rio Torto. Também nesta zona há muitas quintas e moinhos.
No meio do mato encontrei esta macieira e pude saborear uma verdadeira maçã biológica. E que bem me soube.
No seguimento, encontrei estes bonitos marmeleiros. Os marmelos não tinham sido apanhados, muitos deles jaziam pelo chão a apodrecer mas outros ainda estavam bons e libertavam um aroma muito agradável.
Ao aproximar-me do rio Torto encontrei esta planta muito bonita. Trata-se da gilbardeira, uma espécie protegida usada não só como fins ornamentais, mas também na indústria e na medicina.
Segui junto ao rio Torto até à Barragem de Ranhados. Este rio cada vez me surpreende mais pois por onde passa é tudo muito belo.
Cá está a barragem de Ranhados. A partir daqui já é território conhecido para mim e para muitos que já nos concederam o privilégio de participarem numa das nossas provas de BTT.
Já do outro lado dá para avistar por onde passei.
A vista para o Douro.
A vista para o Souto.
A descer faz-se bem melhor. Também como vou sozinho posso ir a pé pois ninguém vê.
Já no alto dá para ter uma melhor vista sobre a Barragem. Como o resto do trajecto já foi esmiuçado em outros relatos termino este por aqui, pois ainda tenho que dar muito aos cranques e já estou atrasado para o almoço e a outra menina chateia-se.
Não resisti a colocar mais esta foto pela serenidade que transmite.
Em conclusão não andei muito mas também não foi preciso pois cheguei a casa muito satisfeito. Gosto muito de Passeios organizados, mas estes a solo permitem-nos desfrutar melhor da natureza.
Quem sabe se parte deste passeio não será incluído numa prova de BTT a realizar no futuro…
Um grande abraço
Parei junto à Sapateira, um pequeno mas lindíssimo lugar onde já passámos algumas vezes em Passeios e Maratonas. A "menina" saltou da mala do carro como um cão salta do atrelado no 1º dia de caça.
Após alguma hesitação resolvi aventurar-me no desconhecido.
Passado cerca de 2kms, o trilho que seguia levou-me a estas casas, por isso, tive que voltar para trás mas não sem fazer um registo da minha passagem por este local.
Voltei atrás até ao último cruzamento e segui pelo caminho que me deu na real gana. E fiz muito bem porque para meu espanto encontrei mais uma ponte fantástica na ribeira da Teja.
Lá tive que parar para poder explorar o local. Para além da ponte há também alguns moinhos e outras construções em ruínas no local. A tentativa de realizar uma boa fotografia levou-me a tirar a temperatura da água.
Esta zona merece uma visita com mais tempo mas não resisti a colocar mais uma foto da ponte.
Parti muito mais animado, e mesmo a subir, desta vez ia de cabeça levantada para poder observar tudo. O caminho tinha que ir dar a algum sítio, caso contrário voltava para trás. Assim, já não dava como perdido o tempo despendido.
Lá fui subindo até encontrar este caminho murado que parecia que me sugava com a intenção de me levar a algum sítio. Só consegui parar quando a subida se tornou mais íngreme e por causa das pedras serem escorregadias.
Tinha chegado a uma pequena povoação, encostei a "menina" e toca a disparar em todos os sentidos. Onde estava?
Subi mais acima e encontrei a resposta à minha pergunta. Atenção não se confundam (não sei como ainda ninguém se lembrou de fazer alguma patifaria como acontece em muitas placas por este país fora). De repente, lembrei-me de um amigo, que há alguns anos atrás tinha “arranjado” aqui uma namorada. Agora compreendo a dificuldade do rapaz para desencantar a namorada neste sítio isolado.
É um local sossegado com uma vista espectacular onde ocorre a transição da paisagem entre a Beira e o Douro.
Aqui não foi difícil escolher para onde seguir, como sofro de uma certa alergia ao asfalto, resolvi seguir por aqui.
Só então me apercebi que já não mora ninguém na Canada. Parece uma aldeia fantasma onde as pessoas abandonaram as casas deixando tudo para trás.
Cheia de fome de trilhos a minha "menina" já estava cheia de ciúmes e parecia querer dizer-me: “ afinal vieste para andar ou tirar fotografias?”
Ao afastar-me ainda tive tempo para tirar mais uma foto. É mais um exemplo como o interior de Portugal está a ficar desertificado.
Com uma bonita paisagem como pano de fundo nem parecia que estava a subir.
Havia mais intensidade no olhar que no pedalar, por isso a sensação de que não estava a subir. Ao olhar em frente estava a chegar ao topo desta montanha e a curiosidade de saber o que estava do outro lado aumentava.
Ao chegar ao topo consegui identificar a aldeia de Ranhados o que fez com que ficasse mais à vontade. Encontrei uma pequena estrada por isso resolvi meter-me logo na primeira cortada que encontrei. Fui sempre a descer pelo meio de uma vinha (a esperança que tivesse saída era muita) mas já lá no fundo vi que o caminho não tinha seguimento. Como voltar para trás estava fora de questão, lá fui andando pelo meio dos terrenos (descer e subir muros, passar arames, pelo meio de culturas). Já não me metia numa destas desde os primeiros tempos de BTT, há alguns anos atrás. Esta situação fez-me recordar aqueles passeios aos Domingos de manhã em que três "maçaricos" aventureiros se metiam sempre em apuros por não conhecerem a região mas terem o espírito aberto à descoberta.
Ao fim de algumas peripécias lá encontrei este caminho e resolvi segui-lo pois já não estava com vontade de inventar, pelo menos naquele momento.
Percorridos alguns kms, para meu espanto, encontrei um nabal florido bem fora de época.
Passei nas imediações de Ranhados e perguntei a umas pessoas se havia algum caminho que fosse dar à Barragem sem ser pelo alcatrão. Disseram-me que sim mas era um caminho muito mau que não dava para se passar bem (maravilha pensei eu). Despedi-me e segui as instruções dadas. Ao fim de algumas centenas de metros avistei algo já bem conhecido. Do outro lado estava a descida com regos até à Barragem onde passámos na última Maratona.
Estes cogumelos não são comestíveis mas são atractivos.
Na minha previsão ainda ia passar lá em baixo, tendo pela frente uns entusiasmantes kms.
De facto, foi uma descida cheia de adrenalina até ao fundo onde pude encontrar o bem conhecido rio Torto. Também nesta zona há muitas quintas e moinhos.
No meio do mato encontrei esta macieira e pude saborear uma verdadeira maçã biológica. E que bem me soube.
No seguimento, encontrei estes bonitos marmeleiros. Os marmelos não tinham sido apanhados, muitos deles jaziam pelo chão a apodrecer mas outros ainda estavam bons e libertavam um aroma muito agradável.
Ao aproximar-me do rio Torto encontrei esta planta muito bonita. Trata-se da gilbardeira, uma espécie protegida usada não só como fins ornamentais, mas também na indústria e na medicina.
Segui junto ao rio Torto até à Barragem de Ranhados. Este rio cada vez me surpreende mais pois por onde passa é tudo muito belo.
Cá está a barragem de Ranhados. A partir daqui já é território conhecido para mim e para muitos que já nos concederam o privilégio de participarem numa das nossas provas de BTT.
Já do outro lado dá para avistar por onde passei.
A vista para o Douro.
A vista para o Souto.
A descer faz-se bem melhor. Também como vou sozinho posso ir a pé pois ninguém vê.
Já no alto dá para ter uma melhor vista sobre a Barragem. Como o resto do trajecto já foi esmiuçado em outros relatos termino este por aqui, pois ainda tenho que dar muito aos cranques e já estou atrasado para o almoço e a outra menina chateia-se.
Não resisti a colocar mais esta foto pela serenidade que transmite.
Em conclusão não andei muito mas também não foi preciso pois cheguei a casa muito satisfeito. Gosto muito de Passeios organizados, mas estes a solo permitem-nos desfrutar melhor da natureza.
Quem sabe se parte deste passeio não será incluído numa prova de BTT a realizar no futuro…
Um grande abraço
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